terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma aula de ingratidão

Foi o que deu a diretoria santista a todos aqueles que gostam de futebol nesta terça-feira, 21 de setembro de 2010. Dorival Júnior, até então técnico do Santos Futebol Clube, foi demitido por ter afastado o garoto Neymar. O motivo do afastamento? Apenas uma sequência de xingamento ao seu chefe, o seu superior. Isso tudo por ter recebido a ordem de não bater um pênalti, ordem muito certa por sinal já que o aproveitamento do menino craque é péssimo.

Agora imagine o que aconteceria caso você fizesse isso com seu chefe ao chegar na empresa amanhã. Demissão, certo? Não no caso do Santos, onde o chefe é que foi demitido. O que deveria servir de castigo para alguém que só precisa melhorar a cabeça pra se tornar um craque, virou apenas mais uma passada de mão na cabeça daquele que pode tudo.

O menino riquinho estava achando que era maior que o Santos, e a diretoria faz questão de o fazer acreditar. Mandaram embora aquele que deu ao clube os título do Paulistão e da Copa do Brasil deste ano. Ele já almejava mais uma conquista, a de um craque completo, tanto na bola quanto na cabeça. Tentativa fracassada, responsabilidade da diretoria.

Separei alguns trechos de pessoas que sou fã pra ilustrar:

"Desde o começo dessa lamentável pendenga, defendo que Neymar deveria ganhar “um tempo”. Muito mais do que um multa de R$ 54 mil, que pouca diferença fará na sua conta bancária mais do que abastecida, fazer com que o adolescente rebelde fique sem seu brinquedo preferido por um período pode (e deve) ser o melhor dos castigos. Sem o futebol, sem poder brincar em campo, o garoto refletirá ainda mais sobre seu erro."
Lédio Carmona

"Poucas vezes – talvez nenhuma – tenha visto com meus próprios olhos um jogador transbordar, tão cedo, tanto talento. Na mesma proporção, nunca vi um jogador demonstrar tanta arrogância, e desrespeito tão agressivo, numa carreira que mal começou. Neymar é um perna de pau mental."

José Ilan

E pra terminar: continuem passando a mão na cabeça desse esboço de craque, esboço de pessoa, e continuem a montar este monstro que acha que tudo pode.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um inverno frio, longo e tenebroso

Desde que Horácio Elizondo mostrou o cartão vermelho para Zinedine Zidane no dia 09 de julho de 2006, na final da Copa do Mundo da Alemanha que a França vive um inferno astral no futebol. O país que venceu um Mundial como anfitrião em 1998 e é eterno carrasco do Brasil não consegue mais se levantar desde que viu seu maior ídolo deixar a taça mais importante do planeta para trás.

O que tinha de tudo pra ser o dia mais feliz na vida de muitos franceses, virou apenas a primeira página de uma crise que perdura até hoje. Itália e França se enfrentaram pela final da Copa do Mundo e o tempo normal acabou em 1 a 1, gols de Zidane e Materazzi. Figuras por sinal e protagonizaram também o tempo extra: aos 5 minutos do segundo tempo o craque francês marcou sua cabeça no peito do zagueiro italiano, e na história das Copas, terminando sua incrível carreira de forma melancólica. O que já era ruim piorou quando Fabio Grosso concretizou o ultimo pênalti da disputa, selando o vice-campeonato da França.

Dois anos depois veio o grande fiasco na Eurocopa 2008, um prévia do que realmente estava por vir? Parece que sim, num grupo com Holanda, Itália e a fraquissima Romênia, a França somou apenas um pontinho e acumulou derrotas pesadas para a Laranja e a Azurra. O técnico Raymond Domenech, o mesmo que havia sido vice-campeão na Alemanha se manteve no cargo mesmo após mais este fracasso.

Nas eliminatórias para o Mundial da Africa do Sul 2010 o futebol não foi muito diferente, mas terminou com uma pontinha de esperança para o torcedor francês. Em um grupo cujo adversário mais forte era a Sérvia, a França terminou na segunda posição, conquistando uma vaga na repescagem. Nesta "segunda fase" das eliminatórias o adversário foi a Irlanda, e mais um episódio ficou marcado na história da FFF, mais um negativo: a França ia sendo eliminada e precisava de mais um gol para conseguir a classificação, até que Henry quase segurou a bola nas mãos para dar o passe para Gallas concluir. A Seleção Francesa chegou à Copa do Mundo, sem méritos.

Comandados pelo problemático técnico Raymond Domenech, o mesmo treinador que não convocava jogadores do signo de escorpião e não estendeu a mão para Parreira, já dava pra prever o que seria da França no seu maior desafio do ciclo 2007-2010, a Copa do Mundo da África: um fracasso. Brigas internas, escândalos sexuais, um traidor dentro do vestiário e o afastamento de Anelka chamaram mais atenção do que o próprio futebol francês na Africa. A situação era tão difícil que o astro do time Thierry Henry não olhava na cara de seu treinador e vice-versa. A campanha só não foi a pior da história porque conseguiu marcar um gol na derrota para a Africa do Sul.

É claro que Domenech caiu e o processo de renovação será completo para o próximo ciclo de 4 anos até o Brasil, mas os ultimos anos sujaram a história de uma campeã mundial, considerada uma das maiores seleções da história. Fraceses agora ficam na torcida para que o Sol pouco a pouco volte a brilhar na terra de Zidane

domingo, 5 de setembro de 2010

Seis longos meses...

Depois de nos deliciar por seis meses ele vai dar um tempo, fazendo os próximos 6 meses não ficarem tão agradáveis quanto esses que passaram. Paulo Henrique Ganso nos fez enxergar o futebol de forma diferente, ou melhor, como ele realmente deveria ser visto: como arte, brincadeira, molecagem.

Estreou como profissional em 2008, mas foi um ano depois, ao marcar um bélissimo gol contra o Guarani na vitória por 3 a 1. O ano que ainda poderia ter sido melhor, terminou com o prêmio de revelação do Campeonato Brasileiro. Mas o seu ano ainda estava por vir: 2010 começou com o título do Campeonato Paulista, título da Copa do Brasil e consequentemente a vaga na Libertadores de 2011.

A Copa do Mundo não chegava a ser um prêmio por tudo que tinha feito, seria apenas uma consequência por merecimento. Não aconteceu, Dunga com sua cabeça fechada para o futebol levou apenas seus amigos para o Mundial, não se dando conta do 'Risco Kaká', que se recuperava e iria jogar a Copa do sacrifício. Sem um camisa 10 em condições e um substituto para ele... o resultado todos conhecem e não vale a pena relembrar.

Mas o fato é que os Meninos da Vila foram um mundo a parte quando o futebol estava ficando cada vez mais chato. Liderados por Dorival Júnior, Ganso, Robinho, Neymar e André ditaram o novo ritmo da bola, ratificado pela Seleção da Espanha: um futebol pra frente, onde a melhor defesa é o ataque.

O tempo acabou para Wesley, Robinho e André, transferidos à Europa, e agora perdemos Ganso por 6 longos meses. Se a Era Dunga não deixou nenhum legado, o futebol de PH Ganso deixou: a arte de conduzir a bola, passes milimétricamente calculados e bolas que teimavam em fugir das mãos dos goleiros mesmo após apanhar dos pés carinhosos do craque. Após seis meses em turnê pelo Brasil e pelo Mundo, o maestro vai tirar férias, esperamos ansiosamente por 2011.